domingo, 22 de março de 2015

ESTADO ISLÂMICO: TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER


UM POUCO MAIS DE HISTÓRIA
Também conhecido pela sigla em inglês ISIS, o Estado Islâmico tem sido um assunto recorrente na mídia internacional ao longo dos últimos meses. Seus militantes atualmente ocupam parte considerável dos territórios do Iraque e da Síria, tendo ganhado força principalmente a partir do caos gerado pela ocupação americana e por um governo desorganizado (no primeiro caso) e por uma guerra civil que já dura três anos e meio (no segundo).

Inicialmente, o ISIS era apenas mais um dentre os inúmeros grupos participantes de ambos os conflitos, tendo começado a se destacar dos demais beligerantes a partir do início de junho de 2014, quando iniciou uma ofensiva em grande escala no norte do Iraque. Enquanto os brasileiros estavam ocupados com os preparativos finais para a Copa do Mundo, o Estado Islâmico atacava a cidade de Samarra (dia 5), capturava Mosul e Tikrit (dias 10 e 11), aproximava-se de Baghdad (dia 12) e, em seguida a todos esses ataques, provocava uma grande fuga das tropas oficiais iraquianas em direção ao sul. No final do mês, o governo iraquiano já não mais controlava as fronteiras entre seu país, a Síria e a Jordânia.
Após essas vitórias iniciais, o grupo continuou se expandindo, procurando estabelecer um “califado” e impor à força sua concepção extremista do islamismo. Entre as minorias étnicas perseguidas no processo, encontram-se assírios, yazidis e cristãos. A visão de mundo do ISIS é considerada tão radical que até mesmo a Al-Qaeda cortou laços com a organização, em fevereiro de 2014.
As notícias sobre o Estado Islâmico têm sido cada vez mais frequentes, sendo relativamente fácil se perder no meio do grande número de informações que surgem diariamente sobre o grupo. Por isso, separamos 15 números que explicam alguns dos aspectos mais importantes do ISIS e certamente ajudarão você a entender melhor essa história.
1999
É o ano em que se formou na Jordânia o embrião do grupo que, anos mais tarde, se tornaria o ISIS. Liderada pelo terrorista Abu Musab al-Zarqawi, a Jama’at al-Tawhid wal-Jihad (Organização do Monoteísmo e da Jihad, também conhecida pela sigla JTJ) tinha como intenção original não só aquela declarada no nome (afinal, espalhar o monoteísmo e a jihad é a intenção de qualquer grupo extremista islâmico), mas também tomar o poder na Jordânia, uma monarquia parlamentar que possui um dos governos mais estáveis da região. A invasão americana no Iraque, contudo, fez com que seus militantes cruzassem a fronteira para combater o novo inimigo.
Entre os atentados mais conhecidos praticados pela organização está a explosão da sede da ONU em Baghdad em agosto de 2003, na qual faleceu o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Al-Zarqawi, que seria morto pelas tropas americanas em 2006, assumiu a autoria do atentado.
6 nomes
Além de “Organização do Monoteísmo e da Jihad”, o grupo já foi conhecido por outros cinco nomes ao longo de sua história. A primeira mudança veio em outubro de 2004, quando Al-Zarqawi jurou lealdade a Osama bin Laden e transformou o JTJ na “Al-Qaeda no Iraque” (Tanzim Qaidat al-Jihad fi Bilad al-Rafidayn). Em 2006, a fusão desse grupo com outras cinco organizações levou à criação do “Conselho Mujahideen Shura do Iraque” (Majlis Shura al-Mujahideen fi al-Iraq), o qual mudaria de nome para “Estado Islâmico do Iraque” (Dawlat al-ʿIrāq al-ʾIslāmiyyah) logo em seguida, após a morte de Al-Zarqawi.
Essa designação permaneceria até 2013, quando a expansão do grupo para territórios sírios levou à incorporação da expressão “e do Levante” (wa-al-Shām), em referência à região localizada a leste do Mediterrâneo. Por fim, em 2014, o grupo anunciou sua transformação em um “califado” e a retirada das referências regionais no nome, passando a se chamar apenas “Estado Islâmico” (al-Dawlah al-ʾIslāmiyyah).
70 chibatadas
Mesmo com todas as mudanças de nome acima relatadas, a organização geralmente é conhecida no Ocidente por duas siglas em inglês, referentes a seu quinto nome – ISIS (Islamic State of Iraq and Syria) e ISIL (Islamic State of Iraq and the Levant). Não se tratam, de forma alguma, de expressões árabes: se você falar em ISIS para um árabe que não saiba inglês, ele dificilmente saberá a que você está se referindo.
Se por algum motivo você preferir chamar o grupo por um nome que agrade aos terroristas, não deixe de lembrar que eles próprios não gostam de ser designados por uma sigla – a abreviação original do seu nome é “Dāʻish”, que em árabe soa como a expressão para “alguém que esmaga algo com o pé”. Os jihadistas do Estado Islâmico consideram isso ofensivo.
As setenta chibatadas do título se referem à punição conferida pelos radicais a todo aquele que for pego usando a esmagadora sigla em árabe. Esse tipo de castigo, aliás, tem se tornado bastante comum nos domínios do Estado Islâmico. Para efeitos de comparação: no território controlado pelo ISIS, chegar três minutos atrasado ao trabalho já rendeu quarenta chibatadas a um cidadão. E isso foi apenas a metade do número de golpes que um grupo de vendedores de cigarro de Mosul levou no início de novembro por… vender cigarro.
1924
É o ano em que a instituição do “califado” foi extinta pelo presidente turco Mustafa Kemal Atatürk. Na tradição islâmica, um “califa” seria o sucessor do profeta Muhammad, cargo que passou a ser designado após sua morte, em 632. O título foi sendo sucessivamente transferido até 1517, quando parou nas mãos do Império Otomano, onde permaneceria até o início do século XX. A derrota otomana na Primeira Guerra Mundial e a transformação da Turquia em uma república trouxeram consigo o fim dessa designação milenar.
Provavelmente em busca de apoio religioso, Abu Bakr al-Baghdadi, o atual líder do ISIS, autodeclarou-se “califa” em 29/6/2014, mesma data na qual o grupo mudou de nome para “Estado Islâmico”. Naturalmente, o título não é reconhecido por todos os muçulmanos – muito pelo contrário, aliás.
31.500 combatentes
Ninguém tem certeza absoluta a respeito do número de militantes do ISIS. A cifra do título é a estimativa máxima que a CIA lançou em setembro de 2014 para o tamanho do grupo – a mínima é de 20.000 militantes. O cálculo da CIA é bem mais conservador do que o de outras entidades. O Observatório de Direitos Humanos na Síria, por exemplo, estima que o ISIS possua de 80 a 100 mil soldados, entre os quais pelo menos 50.000 operariam em território sírio e 30.000 no Iraque. A estimativa total do órgão é similar ao valor ao qual chegou a inteligência iraquiana. Entre os curdos fala-se em 200.000 jihadistas, como recentemente revelou um integrante de sua administração.
210.000 km²
É o território controlado pelo ISIS – ou, pelo menos, uma estimativa realizada em setembro de 2014, lembrando que dessa data para cá o controle do grupo se expandiu ligeiramente (por exemplo, com a ocupação da região localizada em torno da cidade síria de Kobanê). É uma área expressiva, pouco maior do que a da Grã-Bretanha ou, usando uma comparação brasileira, do que o Estado do Paraná.
O número, porém, não reflete de forma exata o poder do grupo, já que a imensa maioria da região sob seu “controle” é inabitada. Há quantidades enormes de deserto que não são povoadas por absolutamente ninguém: na verdade, o Estado Islâmico se estende apenas sobre uma sutil rede de estradas e rios pontuada aqui e ali por algumas cidades. Uma rápida olhadela na região no Google Maps já revela isso, e este artigo detalha a questão.
Um mapa mais preciso do real controle do ISIS foi produzido (e é atualizado constantemente) pelo New York Times. Em 7 de novembro, conforme o mapa acima, era essa a situação da região.
24 governadores
O nome “Estado Islâmico” não está aí por acaso. Para todos os efeitos, o ISIS é um Estado sim, apesar de declarações em contrário vindas de gente do calibre de Hillary Clinton e Barack Obama. Embora haja inúmeras divergências teóricas quanto ao conceito de “Estado”, é certo que a noção envolve alguns requisitos mínimos, como a presença de um governo organizado e o monopólio do uso da força dentro de dado território – aspectos indiscutivelmente presentes no caso do ISIS.
O Estado Islâmico tem uma estrutura administrativa bem definida. No seu topo está o “califa” Abu Bakr al-Baghdadi, ao qual se subordinam um chefe para a metade iraquiana e outro para a metade síria de seu território. Cada lado dispõe de 12 governadores – 24 no total, portanto. Além disso, vários “conselhos” se encarregam de temas financeiros, legais e militares – incluindo-se aí um destinado à “regulação da mídia”, iniciativa certamente aprovada por vários políticos brasileiros.
Em relação ao povo que vive dentro de seu território, o ISIS se comporta como absolutamente qualquer Estado, fornecendo de forma ineficiente vários bens e serviços demandados pela população. Relata-se, por exemplo, que sua administração já construiu um mercado na capital Al-Raqqah (sim, há uma capital), instalou várias linhas de transmissão de energia elétrica, consertou estradas e criou um serviço de ônibus entre seus territórios. Em Al-Raqqah, já foi até mesmo instalado um serviço de proteção ao consumidor – uma espécie de Procon do ISIS.
US$ 2.000.000.000,00
Dois bilhões de dólares. É esse o patrimônio total estimado do ISIS – como bem definiu Diogo Bercito, autor do excelente blog Orientalíssimo, é “o maior pé de meia terrorista na história”. Toda essa grana provém de várias origens, mas a principal delas foi o saque ao banco central de Mosul, efetuado quando da tomada da cidade em junho de 2014. Vários bancos, muitos com reservas em ouro, também foram saqueados na ocasião.
Contudo, há quem acredite que essa história não seja verdadeira, e que o patrimônio do ISIS não seja tão grande quanto se pinta. Uma reportagem publicada no Financial Times em julho chega até mesmo a questionar se os roubos a bancos de fato ocorreram. No entanto, e independentemente da veracidade dessas notícias, vale notar que não é essa a única fonte de renda do grupo.
US$ 3.000.000,00
Gastar o dia fazendo a jihad custa dinheiro. Muito dinheiro. É necessário armar, alimentar e pagar as tropas, além de governar 210.000 km² de Estado com um número de súditos que já está na casa dos milhões (estima-se em 8.000.000).
Para isso tudo, o ISIS conta com uma renda de três milhões de dólares ao dia, provinda de várias fontes – doações, tráfico, saques, impostos, resgates de sequestros e, claro, petróleo. Apesar dessa renda, há indícios de que as finanças da organização não estejam em dia – custear seu próprio Estado extremista é algo razoavelmente caro, afinal.
Além disso, especula-se que outra importante fonte de renda do Estado Islâmico seja a venda de artefatos históricos. O Iraque é um dos berços da civilização humana (hora de relembrar as aulas de História sobre a Mesopotâmia), e atualmente possui mais de 12.000 sítios arqueológicos – dos quais mais de 8.000 agora estão nas mãos do ISIS. O saque desses locais e a venda de objetos no mercado negro estão se tornando uma prática comum por parte do grupo, e estima-se que centenas de milhões de dólares possam vir a ser obtidos com essa atividade.
5 edições
A Dabiq, revista oficial do Estado Islâmico surgida em julho, já está em seu quinto número – sua última reportagem de capa leva o título em inglês Remaining and Expanding (“mantendo-se e expandindo”), tradução do lema oficial do grupo (Bāqiyah wa-Tatamaddad). O nome da revista diz muito a respeito das intenções do grupo: na escatologia islâmica, “Dabiq” é a cidade síria na qual será travada uma batalha apocalíptica entre muçulmanos e cristãos.
A revista é apenas mais um aspecto dentro de uma máquina de propaganda extremamente sofisticada, que inclui um departamento de mídia e um uso extensivo das redes sociais, inclusive para a convocação de novos militantes. Tais ferramentas são tão difundidas dentro do ISIS que, recentemente, o comando da organização recomendou enfaticamente que seus militantes parassem de revelar nomes, locais e fotos via Twitter.
4 militantes
É o número de jihadistas pertencentes a uma determinada facção do ISIS responsável por manter mais de 20 reféns ocidentais. Acredita-se que os quatro combatentes sejam cidadãos britânicos de origem islâmica, já que falam árabe com um forte sotaque inglês. Dados esses fatos, tente adivinhar: como exatamente os reféns do grupo passaram a se referir a seus captores? Exatamente isso o que você está pensando: a facção foi apelidada de “The Beatles”.
A foto acima mostra Jihadi John, o membro mais conhecido dos Beatles islâmicos – responsáveis, inclusive, por decapitar os jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff, assim como os trabalhadores humanitários britânicos David Haines e Alan Henning. Os vídeos das execuções foram divulgados na internet, tendo sido compartilhados por inúmeros jornais e revistas ao redor do globo.
Aparentemente (e compreensivelmente), o Ringo Starr original não gostou da comparação.
500.000 pessoas
De acordo com uma estimativa de 2011, esse é o número de pessoas que poderiam morrer se a barragem de Mosul, localizada ao norte do Iraque, parasse de funcionar. Trata-se da maior represa do país – como descreveu a BBC, “quem controla a barragem de Mosul controla a maioria dos recursos hídricos e energéticos do país”. Uma falha em seu funcionamento (causada, por exemplo, pela falta de manutenção) ou sua destruição deliberada seriam capazes de provocar uma inundação ao longo do rio Tigre e causar danos gravíssimos em Mosul e Baghdad, duas das maiores cidades iraquianas.
O cenário tornou-se plausível em 7 de agosto de 2014, quando tropas do ISIS ocuparam a represa. O medo de um possível desastre provocou um ataque conjunto dos exércitos curdo e iraquiano às tropas do Estado Islâmico, o qual contou com apoio aéreo americano. Ao final de três dias de batalha, a represa foi retomada, aparentemente sem sofrer maiores danos.
126 personalidades islâmicas
No final de setembro, 126 estudiosos do islamismo assinaram uma carta aberta endereçada a Abu Bakr al-Baghdadi, condenando veementemente as ações do ISIS. A carta afirma que o grupo interpreta erroneamente o Islã – incorrendo, dessa forma, em uma grande ofensa “aos muçulmanos e a todo o mundo”.
Por estar repleto de referências ao Alcorão e a ensinamentos clássicos islâmicos, é considerado de difícil compreensão para o público ocidental. Para facilitar a tarefa não apenas para esse público, mas também para muçulmanos não completamente versados em questões teológicas, sua primeira página contempla um resumo.
9 países
É o número de nações que consideram oficialmente o ISIS como um grupo terrorista. A primeira designação veio dos Estados Unidos, em dezembro de 2004. Após o governo americano, Austrália, Canadá, Turquia, Arábia Saudita, Reino Unido, Indonésia, Emirados Árabes Unidos e Israel conferiram o mesmo status à organização. Antes disso, já em outubro de 2004, o grupo figurava na lista negra da ONU, em virtude de sua associação com a Al-Qaeda.
Além dos nove países que designaram oficialmente o Estado Islâmico como uma organização terrorista, inúmeros outros chefes de Estado já se pronunciaram a respeito do assunto, condenando as atitudes da organização. Não foi esse o caso do Brasil. Ao contrário: em uma entrevista coletiva na ONU (sim, a mesma que atribuiu o status de “terrorista” ao ISIS já em 2004) em 23/9/2014, Dilma Rousseff afirmou que “lamentava” os ataques aéreos ao grupo e que “o Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo” – algo de que ninguém duvida, já que diálogo com ditadores sanguinários vem sendo uma prática comum do governo brasileiro. Em todo caso, a declaração pegou tão mal que três dias depois a presidente teve que desmenti-la em uma segunda entrevista, dessa vez concedida à blogosfera estatal brasileira.
5.000 mortos
É o saldo deixado pelo ISIS em sua perseguição aos yazidis, uma minoria étnica e religiosa que habita o norte do Iraque. Além disso, estima-se que outras 7.000 mulheres tenham sido escravizadas sexualmente por militantes do grupo, prática para a qual já se ofereceu uma “justificativa religiosa” em um artigo na Dabiq. Ao contrário de outras minorias religiosas perseguidas pelo ISIS, os yazidis não possuem sequer a possibilidade de seguir com seu culto tradicional pagando uma taxa (jyzia). As duas únicas opções de que os membros da religião dispunham eram a conversão forçada ao Islã ou a morte.
O massacre dos yazidis é apenas mais uma dentre várias violações a direitos humanos que vem sendo perpetradas pelo ISIS ao longo dos últimos meses. Em junho de 2014, já se estimava em mais de 1.000 o total de vítimas civis do grupo, número ao qual se adicionaram posteriormente as vítimas de massacres como o de Ghraneij, Abu Haman e Kashkiyeh (700 vítimas) e de execuções em massa como as das bases aéreas de Tabqa (250 vítimas) e Camp Speicher (1500 vítimas). Devido à amplitude territorial a que chegou o ISIS e à dificuldade de acesso a informações de dentro dos seus domínios, considera-se atualmente ser impossível uma estimativa precisa do total de mortos pelo grupo.

Por Me. Cláudio Fernandes
Em 29 de agosto de 2014, o grupo terrorista sunita Estado Islâmico – que já foi denominado também como Estado Islâmico no Iraque e na Síria (EIIS) e Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) – conhecido também pela sigla EI, anunciou que seu líder, Abu A-Bagdhadi, havia se autoproclamado califa da região situada ao noroeste do Iraque e em parte da região central da Síria.
O título de califa era dado aos antigos sucessores de Maomé, que possuíam autoridade política legitimada pela religião islâmica. O Estado Islâmico, desde então, vem sendo largamente abordado pela mídia ocidental, sobretudo por conta de suas ações extremas contra a população civil da Síria e do Iraque, como estupros, massacre de cristãos e de xiitas e, também, por conta da decapitação de dois jornalistas, entre os meses de agosto e setembro de 2014.
A história do grupo terrorista Estado Islâmico está relacionada com o processo de crise política que se desencadeou no Iraque após a guerra iniciada em 2003. Como sabemos, a Guerra do Iraque se deu dois anos após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, chefiados por membros da organização Al-Qaeda, então liderada por Osama Bin Laden. A Al-Qaeda possuía grande espaço de atuação no território iraquiano e em parte da Síria. O grupo Estado Islâmico nasceu como uma derivação da Al-Qaeda, fundamentado nos mesmos princípios desta organização, que remontam à ideologia pan-islâmica de Sayyid Qutb, antigo líder da Irmandade Muçulmana. Contudo, as ações do EI ficaram gradativamente mais radicais, até mesmo para os padrões da Al-Qaeda, o que provocou a separação entre as duas organizações terroristas.
Os objetivos do Estado Islâmico é expandir o seu califado por todo o Oriente Médio, que se pautaria pela Sharia, a Lei Islâmica interpretada a partir do Alcorão, e estabelecer conexões na Europa e outras regiões do mundo, com o propósito de realizar atentados que lhes possam conferir autoridade através do terror. A concepção de Jihad, ou Guerra Santa para o Islã, que o EI possui é a mesma de outras organizações terroristas, como a Al-Qaeda ou o Hamas: expandir o modelo teocrático radical islâmico de governo pelo mundo, por meio dos métodos terroristas.
É curiosa a grande adesão de simpatizantes não islâmicos e, frenquentemente, de origem europeia às causas do EI. Muitos jovens do Ocidente se oferecem para integrar o grupo e servir ao seu propósito jhadista. Esse tipo de comportamento preocupa vários chefes de estado da Europa, sobretudo pela possibilidade de infiltração que tais jovens, treinados como terroristas, possam realizar em solo europeu.

As principais cidades iraquianas que estão atualmente sob o domínio do EI são: Mossul, Tal Afar, Kirkuk e Tikrit. Um grande contingente populacional migrou dessas cidades para cidades ou vilas vizinhas, fugindo da expansão brutal do Estado Islâmico. Entretanto, não se sabe até quando estas cidades vizinhas continuarão livres da ação do “califado” islâmico do EI.
Em agosto de 2014, os Estados Unidos da América fizeram cerca de 120 ataques aéreos contra instalações do Estado Islâmico no Iraque. Os EUA também preveem ataque ao EI em solo sírio, formando mais uma frente, com o auxílio de combatentes iraquianos e do exército da Síria.

Recentemente, o grupo autodenominado Estado Islâmico (EI) aceitou formar uma aliança com o Boko Haram, da Nigéria. Mas o ato foi apenas simbólico ou o pacto eleva as ameaças de jihadismo ao redor do mundo?


"Definitivamente, a ameaça agora é muito maior", afirma especialista

"Definitivamente, a ameaça agora é muito maior", afirma o jornalista daBBC Hausa (parte do serviço africano da BBC ) Aliyu Tanko, que acompanha de perto a atuação do grupo africano.
Na opinião de Tanko, a aliança significa uma nova "porta de entrada" para o jihadismo.
Ou seja, aqueles que estão dispostos a lutar em prol dos extremistas islâmicos têm agora a opção de ir para o norte da Nigéria.
Já o porta-voz do EI, Abu Mohadmed Al-Adnani, em uma gravação divulgada na quinta-feira para informar que o grupo aceitava o juramento de lealdade do Boko Haram, classificou a aliança como "uma nova porta para emigrar à Terra do Islã e do combate".
E, com isso, ele anunciou que o califado, o sistema de governo organizado em torno de um califa por meio do qual o EI pretende apagar as fronteiras atuais e redesenhar os mapas, passará a se estender até a África Ocidental.
Intercâmbio difícil 
Mas especialistas entrevistados pela BBC afirmam ser improvável que a aliança se materialize com intercâmbio de jihadistas ou troca de informações para a realização de ataques.


'Estado Islâmico' usa bombas de cloro no Iraque
Milhares de quilômetros ─ e muitas fronteiras ─ dividem Mossul, bastião do EI no norte do Iraque, e Gwosa, quartel-general do líder do Boko Haram, Abubaker Shekau, na Nigéria.
"E além de distantes, são dois cenários completamente diferentes", diz Jesús Díez Alcalde, do Instituto Espanhol de Estudos Estratégicos, órgão ligado ao Ministério da Defesa da Espanha.
Embora ambos os grupos compartilhem de uma visão salafista e fundamentalista do Islã, "Iraque e Síria são árabes e na Nigéria predominam as etnias negras", diz Alcalde.
"Por isso acredito que seja difícil o intercâmbio em termos práticos", acrescenta.
No entanto, na semana passada, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, disse que militantes do Boko Haram estavam viajando a campos de treinamento do Estado Islâmico.
Em declarações à rádio pública Voice of America, dos Estados Unidos, Jonathan não especificou em quais países se encontram esses campos.
"Você pode criar todos os cenários possíveis e especular", disse à BBCMundo, o serviço em espanhol da BBC , Aminu Gamawa, advogado e analista especializado em jihadismo baseado em Washington. Gamawa avalia que, até agora, há pouca evidência do impacto dessa aliança.
Ele se refere a teorias como a que supõe que o território controlado pelo Boko Haram no norte da Nigéria, nos arredores do deserto do Saara, facilitaria um intercâmbio de armas e de militantes em toda a Líbia.
"Não está claro como será organizada a relação entre os dois grupos e se uma rede será realmente formada."
Aliança ou colaboração ocasional? 
Gamawa acrescenta que, ao jurar lealdade ao líder do EI, Abubaker Al-Baghdadi, também conhecido como califa Ibrahim, o chefe do grupo extremista mais forte na África vai obedecer às suas ordens.

Abubaker Shekau, do Boko Haram, lidera uma insurgência de milhares de combatentes, cerca de 9 mil, segundo o especialista de segurança Tom Keatinge ─ com uma receita líquida anual estimada em US$ 1 milhão (R$ 3,2 milhões). O grupo começou a se rebelar em 2009 e ganhou notoriedade com o sequestro de mais de 200 meninas em Chibok. As meninas foram raptadas em abril do ano passado e ainda permanecem desaparecidas.
"Além disso, é preciso ter em mente que o Boko Haram se dividiu em diferentes facções", acrescenta Gamawa.
O instituto de pesquisa com sede em Bruxelas Internacional Crisis Group estima que são seis os subgrupos e que eles operam com grande autonomia em todo o norte e centro da Nigéria.
Nesse sentido, Alcalde, do Instituto Espanhol de Estudos Estratégicos, não acredita que o EI vai dizer ao Boko Haram como e onde atacar, muito mais pelas dificuldades pragmáticas do que por uma improvável submissão de Shekau a Al-Baghdadi.
Apoio a Propaganda 
Ambos os especialistas e Jonathan Hill, analista do King’s College de Londres, também entrevistado pela BBC Mundo, destacam que o maior impacto da união entre os dois grupos será verificado pela ótica da propaganda.

Para Hill, na verdade, é essa a razão que levou o Boko Haram a jurar fidelidade ─ e o EI a aceitá-la.
"O Boko Haram busca atenção em um momento que está sob pressão do Exército nigeriano" e seus aliados, diz ela.
"Além disso, (o grupo) busca atrair os holofotes para a África Subsaariana, uma região muito menos midiática do que o Iraque ou a Síria, apesar de o saldo de mortos também ser muito alto."
"Ao unir-se ao EI, o Boko Haram ganha visibilidade, já que passa a poder se apresentar como algo muito maior", acrescenta.
"E o EI, por sua vez, consegue manter o momentum quando o combate contra o jihadismo começa a ganhar força no Iraque."
Alcade concorda com Hill. Ele argumenta que ambos os grupos vivem um momento de relativo enfraquecimento e que esse foi um dos motivos para a união.
Em 18 de janeiro deste ano, antes mesmo da oficialização do pacto, a união entre o EI e o Boko Haram já dava frutos. Nasceu no Twitter o primeiro perfil oficial do grupo extremista africano. Rapidamente, ganhou a adesão de várias contas do Estado Islâmico.
Como resultado, os vídeos do Boko Haram passaram a ser produzidos de forma mais sofisticada, uma indicação da colaboração do EI, segundo os especialistas.
"Eles querem mostrar que a expansão jihadista não tem limites", diz Alcalde.
Para o especialista espanhol, mesmo que a união "dos dois grupos jihadistas mais sanguinários da atualidade" seja simbólica, ela agrava a ameaça.

Confira sete informações básicas sobre o tema a seguir:

1. Sunitas e Xiitas
A história é antiga, do início do século VII. Quando morreu o profeta Maomé, fundador do islamismo e responsável pelo Alcorão, começou uma disputa política para ver quem ocuparia a posição de principal líder da cultura islã.
Quem reivindicava o cargo era Ali, genro de Maomé. Mas o povo o achava jovem e inexperiente demais para o cargo.
Quem acabou escolhido pela maioria dos muçulmanos foi Abu Bakr, que era amigo do profeta.
A discordância foi a origem de uma divisão na população islâmica. Mas, por um tempo, ficou tudo bem. Depois de Abu, outros dois líderes foram aclamados como chefes supremos e governaram em paz.
Mas, em 656, o califa Uhtman foi assassinado por um grupo rebelde, o que abriu espaço para que Ali finalmente se tornasse o novo governante. Nesse ponto, a tensão entre os dois grupos já era enorme e o califa acabou morto cinco anos depois, por um opositor.
Além dessa desavença política, questões religiosas também separam os grupos. Aqueles que seguem rigidamente as antigas interpretações do Alcorão e da lei islâmica, a Sharia, são os xiitas.
Eles defendem, por exemplo, que os califas só podem vir da árvore genealógica de Maomé. Apesar de serem minoria em outros lugares, são parte significativa do Iraque e do Irã, por exemplo.
Já os sunitas, que correspondem a cerca de 90% da comunidade islâmica do mundo, divergem dos xiitas com relação ao tipo de sucessão do profeta e adotam uma fonte de conhecimento diferente: o livro de Suna.
Nele são contados os grandes feitos de Maomé e, por essa natureza, os sunitas tendem a ser mais abertos às transformações.
O Estado Islâmico veio do povo sunita, apesar de carregar consigo uma aura de violência que não é característica dele.

2. As guerras no Iraque
AFP/Getty Images / Joe Raedle
Soldados americanos andam em fila no Iraque
Tudo começou quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, em 2003, sob o pretexto de combater o terrorismo.
A ocupação não foi nem um pouco pacífica e o país norte-americano enfrentou uma grande resistência de diversos grupos militares iraquianos.
Destes, um dos que mais se destacou foi o Jama’at al-Tawhid wal-Jihaduma, que existia desde 1999 e era liderado pelo jordaniano Abu Musab al-Zarqawi.
Ele foi o responsável por comandar diversos ataques às forças de coalizão e promover as ações suicidas contra civis iraquianos.
Demorou apenas um ano para que ele firmasse aliança com Osama Bin Laden, mudando o nome do grupo para Tanzim Qaidat al-Jihad fi Bilad al-Rafidayn, ou, como é mais conhecido, Al Qaeda no Iraque.
Nos dois anos seguintes, o grupo se fundiu com outros menores e buscou evitar os erros cometidos pela facção principal da Al Qaeda. Isso foi em 2006, pouco antes do líder al-Zarqawi ser morto por um ataque aéreo promovido pelos Estados Unidos, em junho.
Esse fato trouxe Abu Omar al-Baghdadi para o poder e, em outubro do mesmo ano, o grupo passou a se autointitular Estado Islâmico do Iraque (EII), cujo principal objetivo era estabelecer um estado islâmico nas áreas majoritariamente sunitas do país.
No fim década de 2000, a imagem do EII foi severamente abalada por conta da violência gratuita contra a população iraquiana, que deixou de apoiá-lo massivamente.
A reorganização começou a ser feita em 2010, quando os líderes Abu Omar al-Baghdadi e Abu Ayyub al-Masri foram assassinados por ações dos Estados Unidos, dando espaço ao atual líder: Abu Bakr al-Baghdadi.
Após a saída das tropas dos Estados Unidos do Iraque, no final de 2011, quem ficou responsável pela reestruturação do país foi um grupo xiita.
Apesar da elaboração de uma nova constituição e da transformação do Iraque em uma república parlamentarista, os ataques na região continuaram.
Comandados por diversos grupos contrários ao governo pró-ocidente, entre eles o Estado Islâmico do Iraque, os bombardeios voltaram a ser rotina.
Desde então, o EII seguiu avançando territorialmente no norte do país, sob os olhares atentos dos Estados Unidos, que só observavam tudo de longe.

3. O líder Abu Bakr al-Baghdadi
Reuters
Homem que seria o recluso líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi
Apesar de Abu Bakr al-Baghdadi comandar o EI desde 2010, há poucas informações disponíveis sobre sua vida. 
Boa parte do que se sabe veio de blogs jihadistas. Em 2013, eles publicaram informações sobre o doutorado que o califa possui em estudos islâmicos, pela Universidade Islâmica de Bagdá.
Nascido em 1971, próximo à cidade de Samarra, ao norte de Bagdá, al-Baghdadi teria formado grupos militares nas províncias de Salaheddin e Diyala antes de entrar para a al-Qaeda. 
Em 2006, foi preso em Camp Bucca, prisão estadunidense ao sudoeste do Iraque, de onde foi liberado em 2009.
Pouco se sabe sobre sua personalidade, mas desde que o Estado Islâmico foi criado, ele prefere ser chamado de al-Khalifah Ibrahim. 
Em outubro de 2011, o Departamento de Estado dos Estados Unidos declarou que al-Baghadadi era um terrorista global e ofereceu um prêmio de 10 milhões de dólares para quem tiver informações que levem à sua prisão ou morte

4. Guerra Civil Síria
ODD ANDERSEN/AFP/Getty Images
Em Aleppo, na Síria, um rebelde carrega seu filho
Quando a Primavera Árabe floresceu no Oriente Médio, a Síria também teve sua parcela de revoltas internas. 
O país, governado pelo partido Baath desde 1963 e pelo presidente Bashar al-Assad desde 2000, enfrentava sérias restrições econômicas, índices de desemprego na casa dos 25% e a degradação constante dos direitos humanos. 
Então, entre janeiro e março de 2011, os grandes protestos da população contra o governo começaram.
O presidente al-Assad não considerou as manifestações legítimas, declarando que elas eram feitas por terroristas, e as reprimiu com intensidade. 
Segundo o Observatório de Direitos Humanos, cerca de 73 mil pessoas foram mortas no conflito só em 2013, sendo que 22 mil delas eram civis. 
E o que era apenas um conflito político, tornou-se também um conflito religioso por conta das divergências existentes entre os diversos grupos que vivem no país.
O Estado Islâmico entra nessa história porque, desde que al-Baghdadi tomou o controle do grupo, em 2010, eles cruzaram a fronteira síria.
 Com os confrontos contra o poder local, o EI enviou diversos militares para combatar al-Assad e garantir a formação da Jabhat al-Nusra, o braço deles na Síria.
Esse grupo foi o responsável por vários ataques a cidades sírias, especialmente no norte do país.
 Em 2013, a Jabhat al-Nusra se uniu com o Estado Islâmico do Iraque, formando o chamado Estado Islâmico do Iraque e Síria (EIIS ou ISIS, em inglês).
5. O califado

No dia 29 de junho de 2014, o EIIS anunciou a criação de um califado nas terras dominadas por ele no Iraque e Síria. 
Com isso, o califa al-Baghdadi se autodeclarou como autoridade para os cerca de 1,5 bilhão de muçulmanos existentes no mundo. 
Nesse mesmo período, devido a conflitos internos com o líder do braço sírio, o EIIS se separou e passou a ser chamado apenas de Estado Islâmico (EI).
O califado nada mais é do que uma forma de governo em que o governante é considerado o sucessor do profeta Maomé, seja geneticamente (como pregam os xiitas) ou escolhido pelo povo (a ideia dos sunitas), e que reúna em si toda a fé islâmica sem limites geográficos. Tipo um governo universal mesmo.
 Os autores divergem quanto à última vez em que um califado tenha funcionado.
 Alguns dizem que foi durante os quatro primeiros governos da sociedade islâmica e que durou apenas 30 anos, ainda no século VII. 
Outros relatam diversas outras tentativas ao longo da história, inclusive o califado Ahmadiyya, que seria uma organização global que estaria em funcionamento desde 1908.
Os califados também possuem um caráter expansionista e não reconhecem fronteiras políticas. O Estado Islâmico, por exemplo, vem realizando ataques sucessivos a diversas cidades sírias e iraquianas, aumentando sua extensão territorial. 
Desde o início de 2014, por exemplo, cidades como Mosul, Tikrit e Deir Ezzor foram tomadas. 
De acordo com o serviço de inteligência dos Estados Unidos, estima-se que o EI seja composto por mais de 31,5 mil pessoas, sendo 15 mil estrangeiros de 80 países, muitos deles veteranos de guerras anteriores, o que contribui com a organização militar do grupo.

6. A violência
Carlo Allegri/Reuters
Homem exibe um cartaz em memória ao jornalista norte-americano morto pelo Estado Islâmico James Foley
Em agosto de 2014, o Estado Islâmico divulgou um vídeo que mostra a decapitação do jornalista britânico James Foley, desaparecido na Síria desde 2012. 
Menos de um mês depois, outro vídeo foi divulgado e a morte de mais um jornalista, Steven Sotloff, foi confirmada. 
O terceiro vídeo que foi parar na internet mostrava o assassinato humanista britânico David Haines.
Os casos chocaram o mundo. Em grande parte porque tratava-se da execução de pessoas ocidentais, não-muçulmanas. 
Mas a verdade é que a violência do Estado Islâmico não é um caso isolado. 
Apesar de ser sunita, o grupo é mais radical em suas posições do que a maioria da população islâmica e tem causado controvérsias por isso. 
Em julho, por exemplo, o grupo destruiu a Tumba de Jonas, local sagrado tanto para o islã, quanto para católicos e judeus. 
Na invasão do campo de gás de Shaer, 270 pessoas foram mortas. 
Em maio de 2014, 140 jovens curdos foram raptados para terem lições sobre o radicalismo islâmico. Isso sem falar nos vários ataques a civis feitos ao longo dos anos, sem confirmação do número de mortos.
Aliás, declarar a fundação de um califado é, acima de tudo, uma forma de mostrar a superioridade do Estado Islâmico frente aos outros grupos islâmicos existentes. 
Na Síria, um dos principais conflitos atuais é contra o governo de Assad. No Iraque, eles lutam no oeste do país, na província de Anbar. 
No caminho desses dois países, não faltam relatos de execuções em massa. Contribui para isso o poder de fogo que o EI possui e a organização militar, muito maior do que o de seus adversários locais.

7. Reação internacional

Em agosto de 2014, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou uma intervenção na região pela primeira vez desde 2011, quando as tropas saíram do Iraque. 
Em setembro, o discurso endureceu e Obama disse que os Estados Unidos liderariam uma coalizão contra EI. “O ‘Estado Islâmico’ não é islâmico, pois mata e aterroriza, e também não é um Estado”, disse.
As críticas feitas pela população norte-americana a respeito da guerra ao terror durante governo Bush ajudam a explicar a demora em Obama se manifestar. 
Mas, diante dos vídeos divulgados pelo EI e da pressão popular, o governo não pode deixar de se manifestar. Mas com cuidado. 
O presidente garantiu que não enviaria tropas para a Síria, apenas esforços aéreos para ajudar os combatentes locais.
A posição dos Estados Unidos reflete um pouco a situação do mundo com relação ao Estado Islâmico. Alguns países da região tentaram interferir na situação através do apoio a tropas locais, mas não adiantou muito. 
Apesar de a ONU já considerar o EI como uma organização terrorista desde 2004, outros países-chave para o conflito demoraram a se manifestar ou ainda não o fizeram. 
A Turquia só quebrou o silêncio em outubro de 2013. A Arábia Saudita, em março de 2014, e o Reino Unido, em junho do mesmo ano.



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