quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Negociando com a adversidade: reflexões sobre "raça", (homos)sexualidade e desigualdade social no Rio de Janeiro



Negotiating with adversity: discussion on "race", (homo)sexuality and social inequality in Rio de Janeiro


Laura Moutinho
Universidade Federal do Rio de Janeiro



RESUMO
O objetivo deste artigo é discutir como a dinâmica dos afetos e prazeres se cruza com a desigualdade social no circuito GLS carioca. Mais especificamente, será abordada parte da trajetória de vida de dois jovens homossexuais negros que vivem no subúrbio carioca e de um que vive na favela da Maré. O trabalho de campo evidenciou que nesse contexto os homossexuais masculinos mais escuros que moram nos subúrbios e nas favelas do Rio de Janeiro possuem um campo de manobra mais amplo do que aqueles nos quais se inserem rapazes e moças heterossexuais da região e, mesmo, as lésbicas e travestis de diferentes cores que habitam essas áreas.
Palavras-chave: homossexualidade, pobreza, raça/cor, Rio de Janeiro, relações afetivo-sexuais inter-raciais, desigualdade social.

ABSTRACT
The aim of this article is to discuss how the affection and pleasure dynamics intersect with the social inequality in the gay and lesbian circuit in Rio de Janeiro city. Part of the life trajectory of two young black homosexuals living in the carioca suburbs, and one living in Maré slum, will be more particularly approached. The field work emphasized that, in this context, the darker male homosexuals living in suburbs and slums in Rio de Janeiro have a broader range of action than those in which young heterosexual male and female and even lesbians and transvestites of different color living in these areas are inserted.
Key Words: Homosexuality, Poverty, Race/Color, Rio de Janeiro, Affective/Sexual Interracial Relations, Social Inequality.



Introdução
Como lembram Nelson do Valle e Silva e Carlos Hasenbalg,1 em inúmeras análises sociológicas o casamento inter-racial e a miscigenação foram classificados como a "prova do ácido" das relações raciais no Brasil. Os autores explicam com clareza esse ponto:
é no momento de constituição da família, núcleo básico da estratificação social, que as marcas mais fundamentais das distâncias que regulam a convivência dos grupos de cor devem ser observadas.2
Na pesquisa que realizei para o doutoramento focalizei esse e outros temas correlatos ao analisar os relacionamentos afetivo-sexuais heterocrômicos3 entre casais heterossexuais no Brasil e na África do Sul.4Entretanto, novos contornos podem ser observados sobre essa temática se voltarmos o olhar para as parcerias heterocrômicas entre homossexuais. Assim, o que se pretende nas páginas que se seguem é ampliar a análise anterior seguindo a trajetória de jovens homossexuais negros que vivem em situação de pobreza no Rio de Janeiro.
Nesse sentido, irei apresentar e discutir parte do trabalho de campo da pesquisa que coordenei sobre os relacionamentos afetivo-sexuais inter-raciais entre gays na cidade do Rio de Janeiro.5 Será apresentado o trânsito possível que o circuito GLS6 possibilita e, mais especificamente, como a dinâmica dos afetos e prazeres se cruza com a desigualdade social nesse contexto.

O desenho da pesquisa
Durante cerca de três anos entrevistei e convivi com gays e lésbicas que moravam nas favelas da Maré e Rio das Pedras,7 em bairros do subúrbio e da zona sul, e que tivessem mantido um ou mais relacionamentos afetivos-sexuais heterocrômicos. O trabalho de campo consistiu em entrevistas no formato história de vida,8quando se procurou registrar tanto a trajetória afetivo-sexual dos entrevistados quanto as experiências religiosas, escolares, no mercado de trabalho, bem como os cálculos que cada um faz com relação à prevenção às DSTs/Aids. Além disso, percorri candomblés, boates, eventos esportivos ou qualquer situação de lazer para a qual tivesse sido convidada a participar e que fosse propiciadora e facilitadora de encontros amorosos e sexuais.
Como na pesquisa realizada para o doutoramento, trabalhei com a autoclassificação de cor/raça e de orientação sexual fornecida pelos próprios entrevistados. Também nesse contexto essa é uma questão delicada. Tive o cuidado de me aproximar somente daqueles que a própria rede de sociabilidade definia que compunham um casal inter-racial e somente entrevistei um dos pares, pois na experiência anterior de pesquisa a entrevista com o casal se revelou como um espaço propício a que tensões da díade envolvessem a pesquisadora e comprometessem o trabalho. O terreno das identidades de gênero, da orientação e das experiências sexuais é igualmente pantanoso. Nesse sentido, trabalhei sempre com as categorias classificatórias dos próprios entrevistados.
As fofocas sexuais compõem um importante espaço da pesquisa, sobretudo, no caso dos jovens homossexuais do candomblé. Aconteceu algumas vezes de, após uma entrevista ou depois de uma animada conversa com o grupo sobre sexo e paqueras, ser puxada para um canto e ouvir aos sussurros que o que "fulano" falou não é bem assim e que, na verdade, ele gosta de... e a conversa enveredava para detalhes picantes, sempre em tom de riso e galhofa, sobre um ou mais membros do grupo. Esse tipo de rumor, ainda que disseminado e presente nas conversas, como, aliás, a freqüente desconfiança com relação à performance viril dos ogãs,9 não foi apresentado como possuindo um caráter poluidor, no sentido que lhe empresta Mary Douglas,10 mas como parte de um jogo lúdico que não oferece exatamente perigo de perda de prestígio ou posição. Importante destacar, nesse sentido, que as fofocas e as relações jocosas não são diretamente despertadas pelo tema investigado. Elas fazem parte do universo mais amplo da pesquisa e, como vários autores destacaram, esse segmento religioso tem como marca as rivalidades e fofocas, disputas e ironias, ou seja, aquilo que a literatura destaca como "xoxação".11
Néstor Perlongher12 e Patrícia Birman13 chamaram a atenção, inclusive, para a forma como a linguagem do santo percorre diferenciados domínios, não se restringindo ao universo dos cultos de possessão. No gueto paulistano, por exemplo, essa relação com o mundo mágico e sobrenatural funcionava como sinal de respeito e proteção para com os malandros e michês do local.14 Situação similar pôde ser identificada na pesquisa atual no subúrbio e na favela da Maré, não se fazendo presente, entretanto, nas festas undergrounds da zona sul carioca.
Faz-se necessário destacar ainda que as regiões pesquisadas são marcadas de modo diferenciado pela violência e pelo tráfico de drogas. As favelas da Maré e de Rio das Pedras – a primeira localizada em subúrbio do Rio de Janeiro e a segunda na zona oeste, próxima à Barra da Tijuca – são paradigmáticas dos estudos de violência. A favela da Maré é conhecida na mídia carioca e nacional pela violência entre traficantes ou entre eles e a polícia. A favela de Rio das Pedras é nacional e internacionalmente reconhecida pela "não-violência", em especial a violência que costuma ser associada ao tráfico – embora sejam recorrentes os rumores a respeito da ação da "polícia mineira", um tipo de poder paralelo que trabalharia não somente no sentido de manter a ordem mas também de coibir o tráfico e o uso de drogas ilícitas no local.
A parte do subúrbio carioca onde a pesquisa foi realizada fica próxima de regiões violentas, mas os moradores vivem em relativa tranqüilidade, sem medo direto das guerras do tráfico nem de balas perdidas. Esse é um aspecto importante, pois, na primeira pesquisa que realizei em Rio das Pedras, a relação entre gênero, sexualidade e violência se explicitou na identificação de um ethos viril cavalheiresco, em oposição, por exemplo, ao que Zaluar nomeou de ethos guerreiro, presente no tráfico de drogas15 e também registrado por Alvito16 em Acari. Em Rio das Pedras registra-se uma estrutura de poder, um prestígio e um código de honra fundamentalmente diferentes daqueles encontrados em favelas com forte tráfico de drogas. Nesse sentido, foi objetivo dessa pesquisa analisar o lugar da homossexualidade e da raça nesse contexto, e mais especificamente compreender de que forma a violência característica dessas regiões não somente influenciava a relação entre os gêneros, bem como as diferentes orientações sexuais e de raça. Como procurei demonstrar em outro trabalho,17 o idioma de gênero, raça e sexualidade dominante e sua articulação com violência e o tráfico de drogas são elementos de fundamental importância para a compreensão da dinâmica dos relacionamentos afetivo-sexuais inter-raciais entre parcerias gays e lésbicas dessas regiões.
Na zona sul carioca a pesquisa foi realizada fundamentalmente em algumas boates e festas que são associadas ao público GLS como as boates Dama de Ferro, Galeria Café, Fosfobox e 00 (Zero Zero), e as festas X-Demente e B.I.T.C.H (Barbies in Total Control Here). Todas essas festas e boates possuem ao menos uma noite (ou pista) dedicada ao som de House e Electro, eleitos como os gêneros de música de preferência daqueles que participam desse circuito.18
No presente artigo, irei explorar mais especificamente parte da trajetória de vida de dois jovens homossexuais negros que vivem no subúrbio carioca e de um que vive na favela da Maré. Nesse contexto, tem sido interessante notar, como destaquei anteriormente,19 como os homossexuais masculinos mais escuros que moram nos subúrbios e nas favelas do Rio de Janeiro possuem um "campo de possibilidades", nos termos de Gilberto Velho,20 mais amplo do que de rapazes e moças heterossexuais da região e mesmo, até onde o trabalho de campo permite afirmar, de lésbicas e travestis que habitam essas áreas. Para os homens gays mais escuros, em especial, é possível percorrer e ultrapassar, de diferentes modos e com distintas interações, as linhas de classe do Rio de Janeiro, como será visto adiante.
No subúrbio do Rio de Janeiro, a maioria dos entrevistados divide a maior parte de seu tempo entre percorrer os candomblés,21 escolas de samba e boates da região. Mas não apenas. Ir às boates da zona sul, à praia de Copacabana e ao bairro da Lapa são programas que eles fazem com alguma regularidade. Às vezes vão para "zoar" e paquerar, outras vezes para "fazer dinheiro", como afirmaram alguns entrevistados.
Algumas das experiências de pesquisa me tocaram profundamente. Dentre as escolhas que poderia ter feito, selecionei para apresentar três situações profundamente ilustrativas desse campo que cruza raça, (homos)sexua-lidade, desigualdade social e, de modo variado, a violência. Vejamos a seguir.

Uma expressão do desamparo público no subúrbio carioca
Mateus tem uma trajetória dramática e paradigmática. "Bicha alegre" e "caricata", como denunciou um amigo; "preto mesmo" ou "moreno escuro", como ele diz, "pois, deu seis horas, é noite, né?!". 16 anos. Filho de um traficante que morreu antes mesmo de ele nascer... "de engano", como explicou. Na favela de Vigário Geral, há 17 anos, "eles" mataram o pai de Mateus achando que ele fosse outra pessoa. Sua mãe está no terceiro casamento e seu padrasto anterior, também "da coisa", morreu assassinado.
Mateus sempre morou no bairro de Parada de Lucas, perto de Brás de Pina, subúrbio do Rio de Janeiro. Dedicou-se por algum tempo à dança e hoje faz supletivo, como muitos jovens da região, para compensar consecutivos abandonos escolares. Sobre sua trajetória escolar, disse-me com orgulho: "Nunca fiquei reprovado, sabe?". Ele fazia dança em uma escola pública e me mostrou várias fotos das suas apresentações. No momento da entrevista, Mateus não estava matriculado em nenhum curso. Perguntei-lhe se não havia na região nenhum local onde ele pudesse dançar ou fazer algum outro curso que fosse do seu interesse. Ele me disse que tinha algumas noções de informática, adquiridas em um curso rápido que fez em uma Igreja Batista da redondeza, e que chegou a ir à favela da Maré para tentar ingressar no Corpo de Dança da Maré, mas achou perigoso ficar entrando na "comunidade": tinha medo de ser "confundido" como seu pai e desistiu.
Ele se disse paquerado. Disse que sabe que homens de diferentes idades gostam dele porque ele é jovem e que procura aproveitar isso. Mateus não gosta de homens da idade dele. Prefere os homens mais velhos. Interessante notar que os "mais velhos" compõem uma ampla faixa que vai desde os rapazes de 22 anos até os "coroas", com cerca de 60 anos.22 Mateus gosta de paquerar na praia de Copacabana e se classificou como "nervosinho" no terreno das interações amorosas: "Hoje estou com um, mas vejo um ali no meio e já...", afirmou às gargalhadas.
No trabalho de campo, identifiquei até o momento duas grandes linhas de atuação de jovens homossexuais masculinos, e em especial negros, no circuito dos afetos e prazeres da zona sul carioca: aqueles que vão a Copacabana, preferencialmente à boate Le Boy, buscar gringos brancos com interesse pecuniário ("pode-se ganhar até 100 dólares em alguns minutos", disse-me outro entrevistado); e os que buscam gringos, brancos, mais velhos, na intenção de se divertir, mas, igualmente, de ter relações diversificadas e intensas. Voltarei a esse ponto, porém vale destacar que essas não são posturas excludentes.
Mateus afirmou que não gostava de namorar rapazes negros, mas teve uma "experiência boa, não foi ruim, daí eu tirei esse negócio da cabeça". Explicou da seguinte forma a situação: "Eu ia pela cabeça das pessoas, hoje em dia não, eu já estou bem crescido". Esse é um ponto importante, pois essa questão chegou a mim por pressão do grupo. Todos sabiam do tema de minha pesquisa e me empurravam Mateus para provocar o rapaz a falar que não gostava de "sair com negros". O grupo sentia-se desconfortável com a forma como Mateus expressava suas preferências amorosas e eles pareciam querer constrangê-lo, expondo-o à pesquisa. Em verdade, a questão não era a preferência por parcerias inter-raciais (comum no grupo), mas a forma racista com que Mateus a expressava.
De fato, Mateus afirmou que existiam muitos casais inter-raciais no culto de possessão que freqüenta, pois "o povo do candomblé está acostumado com preto". O convívio é a categoria-chave que explica por que o entrevistado não identifica situações de racismo no candomblé. Mateus sente fortemente a discriminação por ser "entendido": "às vezes você passa na rua, você nem mexe... Aí a gente tá passando, 'ah, viadinho', 'ah, vai marica, bichona', sei lá mais o quê... Já que não gostam, pra que mexer?", pergunta, entre o espanto e a mágoa.
Em resumo, como morador de uma região relativamente tranqüila – ainda que próxima de favelas com forte histórico de violência como, por exemplo, Vigário Geral e a própria favela de Parada de Lucas – Mateus padece da patente falta de ofertas e de iniciativas públicas e privadas naquela região. O candomblé aparece em sua narrativa e em sua vida como uma das poucas ofertas de sociabilidade, troca, lazer e encontros. Vale destacar, por fim, que essa rede de contatos também propicia, eventualmente, acesso a algum tipo de emprego. Toda uma economia de trocas e favores ajuda na sobrevivência. Foi possível notar nos discursos certa moralização da pobreza, com argumentos que evocavam o ócio e a falta de força de vontade dos indivíduos. Trata-se de uma rede horizontal de solidariedade, que evidencia a fragilidade de canais formais de acesso à educação e ao emprego. Alba Zaluar chama a atenção para esse ponto quando discute a grande incidência de roubos e furtos em Madureira, que possui uma população jovem e empobrecida, como apontam os dados do IBGE para a região. Na interpretação da autora, a questão reside na "falta de regras" e no
conteúdo das novas regras que vão surgindo no vazio institucional que se forma a partir da sinergia entre a economia subterrânea, as organizações locais e as instituições supostamente encarregadas de manter a lei e a ordem.23
Alguns entrevistados trabalharam como garçom, motorista, entre outras ocupações que não exigem alta escolaridade. Um sonho comum desses jovens homossexuais? Alguns me confidenciaram: gostariam de se tornar cabeleireiros!

Percorrendo os circuitos do desejo
Saulo, um rapaz "negro", de 24 anos, morador do subúrbio, faz parte de um grupo de amigos – todos de santo – que circula pelos points do subúrbio e da zona oeste. Às vezes ele vai às boates Le Boy e Help, ambas em Copacabana, para "pegar" uns "gringos" e "fazer um trocado". Saulo afirmou que não trabalha. Deseja, como outros entrevistados, fazer curso de cabeleireiro e abandonou a escola antes de completar o Primeiro Grau. Ele não sabe bem explicar o porquê disso, acha que foram as "amizades", e coloca a questão da seguinte forma: "Comecei a sair demais, parei de estudar, mas estou voltando...", disse em tom evasivo.
Saulo não costuma namorar homens negros e também não sabe explicar sua preferência por homens brancos. Em sua opinião, "parece que um negro não gosta do outro. Acho que dentro deles deve existir algum preconceito, algum bloqueio, alguma coisa. [...] eu já até namorei um, entendeu? Mas outros, é muito difícil". Quanto à idade, diz preferir homens mais velhos, pois estes "têm mais coisa pra te passar. A pessoa nova é muito imatura".
Saulo faz sucesso entre homossexuais brancos e estrangeiros da zona sul carioca e entre os negros forâneos disse passar despercebido para os angolanos, pois "eles só querem branquinhos". Os mais bonitos para ele, entretanto, são os negros norte-americanos com quem já "saiu". É interessante notar como as noções de raça e cor entrecruzadas com nacionalidade compõem um quadro hierarquizado de ofertas sexuais no mercado do amor e do sexo em Copacabana. Alguns desses contatos podem, inclusive, desdobrar-se em um vínculo mais longo. Saulo aponta o negro africano como o menos prestigiado nesse contexto.
Esse é um aspecto interessante. Marcelo Ferreira24 trabalha exatamente com o desconforto do mercado do turismo carioca com negros norte-americanos de alto poder aquisitivo, que somente circulam por locais "brancos". Nesse "turismo afro-americano", com viés fortemente militante, as mulheres negras aparecem em um lugar central. Trata-se, de fato, de um turismo mais "família", que tem como destino principal Rio de Janeiro e Salvador, cidades nas quais a demanda por viver (e se alimentar) de um mercado étnico/racial é organizada pelas mulheres. A busca por "autenticidade"25 é uma categoria-chave nesse universo. No caso do chamado "turismo sexual", Ferreira notou que, ao invés de grandes grupos, esse viajante vem no máximo com três pessoas, com pouco interesse pelos pontos turísticos tradicionais e mesmo pela forma como se organizam as relações entre brancos, negros e mestiços no Brasil. Para esses viajantes, a "mistura" não aparece como um problema.
De acordo com Thaddeus Blanchette e Ana Paula Silva,26 que analisaram o mercado sexual (heterossexual) carioca, especialmente o que prevalece em Copacabana, o Rio de Janeiro funciona como um "campo de diversões sexuais" para estrangeiros por conta da desvalorização do real diante do euro e do dólar; pela idéia de que, em relação a outros mercados como Ásia, África e Oriente Médio, o Rio de Janeiro seja tido como um espaço relativamente seguro e pelo fato de que o mercado do sexo conta com uma estrutura qualificada de organização, com termas e boates. Dentre os fatores perfilados pelos autores chama a atenção, embora não surpreenda, a crença na sensualidade particular da mulher brasileira. É significativa a percepção de que as garotas de programa se prostituem, mas "não agem como putas". Desse ponto, interessa-me reter a idéia de que a situação assim percebida facilitaria a transformação dos envolvimentos sexuais em afetivos, uma percepção que também se faz presente entre as garotas de programa.
Piscitelli trabalha com um conceito de turismo sexual que auxilia na compreensão desse universo, que, como vem evidenciando meu trabalho de campo, não se restringe ao turismo heterossexual. Vejamos o que diz a autora:
o turismo sexual é [...] qualquer experiência de viagem na qual a prestação de serviços sexuais da população local em troca de retribuições monetárias e não monetárias seja um elemento crucial para a fruição da viagem.27
As trajetórias de Saulo e de outros rapazes negros guardam, inclusive, semelhanças interessantes com as das mulheres pesquisadas pela autora.28 A trajetória de Marcos expressa o que estou tentando enfatizar. Vejamos a seguir.

Trocas e interações amorosas entre classes e cores distintas
Marcos tinha pouco mais de 20 anos quando eu o entrevistei, fazia telecurso, nunca tinha tido namorado ou "ficado" com uma mulher: "nunca nem beijei mulher", disse. Afirmou também que gosta muito de homem bonito, que freqüenta a Lapa, uma boate de Bangu, e algumas outras de Copacabana. Foi em uma delas que conheceu um namorado europeu, branco, com quem namorou por seis meses, chegando a morar com ele em Ipanema. Marcos contou que ele e vários de seus amigos negros vão para as boates da zona sul encontrar os gringos: "Tem muitos gays que vêm para o Brasil e eles gostam muito de paquerar os negros". Segundo sua explicação, os gringos acham que os "negros têm mais calor, que têm uma coisa diferente". E para ele os gringos "são legais" porque "têm uma cultura diferente". Marcos não acha os gringos fisicamente muito atraentes. Ele se "atrai" pelo "jeito de ser": "Ser pessoas de fora, de outro país". Disse ainda que "é legal ter contato com uma pessoa que me mostra coisas que eu só vejo na televisão". Marcos explicou da seguinte forma esse tipo de encontro: "Trocar informação. Ele fala dele, como ele vive lá, e eu falo como vivo aqui. Então isso é muito interessante, é bem legal você explorar isso dele e ele explorar isso da gente".
Sexualmente ele diz que é "normal", mas que os gringos acham que os negros são "fogorosos"! No mercado do amor e do sexo Marcos considera que não tem chance com os brancos brasileiros, "porque eles dão preferência ao pessoal que é dali, da zona sul"; e que com os "gringos" isso não acontece. "Eles acabam dando preferência para a gente, principalmente por ser negro. Amigos meus, gays e brancos, dizem: 'Puxa! O que vocês têm? A gente fica de escanteio'." Eu também não sei o que é isso...", disse Marcos, gesticulando enfaticamente de modo a expressar espanto e incerteza.
A perspectiva apresentada por Marcos é muito interessante, pois está todo o tempo falando em troca.
Como no caso dos demais entrevistados, trata-se de uma troca marcada pela desigualdade social, mas interessante para ambas as partes. Ele morou com o "gringo", ia a festas, conheceu gente de vários países: ele aprendeu e deu informações e ao mesmo tempo também as recebeu. Interessante, por exemplo, é que quase todos os dias ele voltava para a região onde reside para ver os amigos, para matar saudade, como explicou de maneira dispersa.
Sobre discriminação, ele me disse que é muito difícil ser negro e homossexual ("nenhuma família merece!"), e que onde mora é mais complicado ser gay do que lésbica, pois acha que elas são mais respeitadas. Marcos sente-se muito discriminado, mas é "boyzinho" (quer dizer, veste-se como homem), e para ele o pior mesmo é ser "travesti". Disse que os homens nem conversam com "travesti", porque, se ele sentar com uma para conversar, vai todo mundo dizer que "ele está pegando um travesti, uma 'travola'", como elucidou.
Marcos disse que sentia atração sexual por homens brancos, mas o outro motivo que o levava a não sair com negros se referia a "oportunidade". Sua fala possui eco com a de outros entrevistados e entrevistadas de diferentes classes e orientações sexuais: "Acho que um negro não gosta de outro negro", afirmou enfático.

Desfecho
Diferenças de gênero, de classe, idade e, mesmo, de cor constituem categorias que funcionam como tensores libidinais que orientam os sujeitos na busca por corpos e prazeres.29 Nesse sentido, a cor negra aparece marcada pelo erotismo e paira sob o universo erótico dos encontros amorosos – sejam eles homo ou heterossexuais.
Desde o início do trabalho de campo, venho notando uma não-diferenciação de alguns aspectos significativos em relação a certas representações sociais veiculadas pelos relacionamentos afetivo-sexuais heterocrômicos entre parcerias heterossexuais e gays masculinas. Vale destacar que, tanto nos arranjos heterocrômicos homossexuais quanto entre os heterossexuais, a raça/cor não evoca uma distinção moral. Caráter, por exemplo, é algo que se desenvolve com a criação (socialização); não tem a ver com raça. Na pesquisa atual está em questão a combinação de formas diferenciadas de desigualdades, e nesse sentido, de fato, a homofobia se sobrepõe ao racismo. A homofobia, em outras palavras, é vivida de modo mais intenso do que o racismo ou mesmo a discriminação por classe.30
O universo pesquisado aproxima-se de algumas das reflexões tecidas por Perlongher,31 em especial, das que dizem respeito às questões relativas à territorialidade, à identidade e aos desejos que animam os mercados do prazer e do sexo. Para o autor, em vez de dissertarmos sobre identidades, talvez seja conveniente falarmos deterritorialidades – uma sugestão particularmente interessante, já que o tema ora sob análise se desenrola em um espaço profundamente marcado por facções violentas, que atuam em inúmeros territórios na cidade do Rio de Janeiro, conferindo, como dito anteriormente, contornos específicos às distinções de raça, sexualidade e gênero.
Assim, os sujeitos circulam por uma "trama" e por "redes", definindo-se a partir de sua "trajetória e posição 'topológica' na rede". O ponto da reflexão de Perlongher que interessa diretamente a esta pesquisa refere-se à maneira de se compreender os sistemas classificatórios: são "sinalizadores" de intensidades libidinais, cujas mudanças tornam visíveis (como, por exemplo, as trajetórias analisadas evidenciaram) alguns dos (des)caminhos de um desejo que "viceja na transgressão", como sugere Georges Bataille,32 e está em contínuo movimento, mas, igualmente, que (re)ordena, reconfigura e por vezes obscurece as hierarquias e as desigualdades que conformam o tecido social.
Na busca por compreender a dinâmica da desigualdade social tendo sempre como pano de fundo o quadro fornecido pelos estudos demográficos e sociológicos de orientação quantitativa,33 chama a atenção como aspectos que muitos interpretariam como restritos à esfera da sexualidade se insinuam na esfera normativa e a modificam, permitindo que se qualifiquem as muitas formas de desigualdades às quais os indivíduos estão submetidos.
No caso da pesquisa sobre relacionamentos afetivo-sexuais heterocrômicos entre heterossexuais, foi interessante perceber como o casal homem negro/mulher branca não somente opera com uma lógica específica de erotismo, como também reordena as representações correntes sobre o Brasil e o próprio processo de miscigenação, colocando em questão o lugar de dominação do homem branco, o homem modelar, bem como as assimetrias constituídas sob sua égide.34
Na pesquisa atual, o foco recai no "campo de possibilidades" que o gay mais escuro e mais pobre possui – pelo menos em comparação com as mulheres e os homens heterossexuais e as travestis que também vivem em regiões empobrecidas da cidade do Rio de Janeiro.
Somente temos acesso ao outro pólo da díade homem negro/mais escuro e homem branco (particularmente o estrangeiro e mais velho) através da fala dos entrevistados, entretanto, suas narrativas parecem apontar para uma nova "sensibilidade social", como foi destacado por Júlio Simões.35 Esta relação não foi narrada como parte de uma cena melancólica ou decadente. Não se trata, igualmente, de afirmar qualquer maquiavelismo inserido em um projeto de ascensão social, mas sim de registrar que é esse sujeito social quem possui um conjunto de características relativas ao gênero, à cor, à orientação sexual e à classe que lhe permite uma chance maior de vivenciar e acumular novas e diversas experiências, bem como de aumentar seu capital cultural, econômico e social. Em outras palavras, a análise das trajetórias acima apresentadas permite que se vislumbrem algumas das possibilidades de atuação de indivíduos que vivem em situação de pobreza no Rio de Janeiro.

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Recebido em dezembro de 2005 e aceito para publicação em abril de 2006


1 Silva e Hasenbalg, 1992.
2 Silva e Hasenbalg, 1992, p. 3.
3 "Heterocrômicos" é uma catego-ria que Thales de Azevedo, 1975, utiliza ao se referir aos relaciona-mentos afetivo-sexuais entre brancos e negros. Sua lógica argumentativa se aproxima da clássica oposição sistematizada por Oracy Nogueira, 1985, a respeito das culturas que operam preponderantemente com aaparência (como o Brasil) e as que enfatizam a ascendência como critério de classificação racial (no caso, os Estados Unidos). A análise de Thales de Azevedo, entretanto, traz uma diferença importante em relação ao trabalho de Oracy Nogueira. De acordo com o primeiro autor, o modo de classificação de cor (em contraposição ao de raça) compreende critérios de ordem estética. Trata-se de uma diferen-ça de terminologia que, todavia, permite que se enfatize o lugar e importância dos atributos de prestígio na construção social da cor. Aaparência soa como algo dado, enquanto a estética pode ser construída e manipulada de diferentes maneiras.
4 Ver detalhes em Moutinho, 2004.
5 Essa pesquisa integrou o "Projeto Recém-Doutor" que desenvolvi no âmbito do Instituto de Medici-na Social (IMS) e do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM). A pes-quisa foi apoiada inicialmente pelo CNPq e atualmente faz parte do "Projeto Integrado Sexualida-de, Gênero e Família: rupturas e continuidades na experiência da pessoa ocidental moderna", co-ordenado por Luiz Fernando Dias Duarte (PPGAS/MN/UFRJ) e Jane Russo (CLAM/IMS/UERJ). Recebeu subsídios da FAPERJ, através da bolsa de Fixação de Pesquisador e do "Programa Cientista Jovem do Nosso Estado FAPERJ/2003". Nessa parte do trabalho, contei com o apoio fundamental de Crystiane Castro, estudante de ciências sociais da UERJ. Fazem parte da equipe de pesquisa: Silvia Aguião (pesquisando a fa-vela de Rio das Pedras), Vítor Grunvald (que pesquisou na Inter-net e nos chats homossexuais) e Débora Baldelli (festas/boates de música eletrônica da zona sul carioca).
6 Sigla referente a Gays, Lésbicas e Simpatizantes (ou suspeitos, como se diz em tom jocoso).
7 Sobre o entrecruzamento entre raça, gênero e violência na favela de Rio das Pedras, cf. Moutinho, 2002. Ver também sobre o tema Marcos Alvito, 2001, e Alba Zaluar, 1994.
8 A noção de história de vida e, mais especificamente, os aconte-cimentos biográficos foram compreendidos como coloca-ções e deslocamentos possíveis no interior do espaço social. Como afirma Pierre Bourdieu, "como estados sucessivos da estrutura de distribuição de diferentes espécies de capitais em jogo no campo". No caso específico dessa pesquisa, dos afetos e prazeres masculinos e femininos de matizes inter-raciais. (Bourdieu, 1996, p. 190).
9 Forma como são chamados os homens iniciados que não entram em transe. Diferente-mente dos adés, a performance dos ogãs é viril e seu desejo sexual se dirige a meninas e não meninos como no caso dos adés.
10 Douglas, 1966.
11 Cf. Peter Fry, 1982; Maria Lina Teixeira, 1986; Patrícia Birman, 1995, entre outros.
12 Perlongher, 1987.
13 Birman, 1997.
14 Perlongher, 1987, p. 144.
15 Sobre o tema, ver, entre outros trabalhos da autora, Zaluar, 2004. Sobre estilos de masculinidade em diferentes camadas sociais, ver Fátima Cecchettto, 2004.
16 Alvito, 2001.
17 Cf. Moutinho, 2002.
18 Sobre o tema ver BALDELLI e MOUTINHO, 2004.
19 Cf. MOUTINHO, 2005.
20 Velho, 1994.
21 A despeito do visível cresci-mento das igrejas evangélicas, os candomblés se mantêm de modo particularmente visível nos subúrbios e nas favelas cariocas como um espaço fundamental não somente de vivência e expressão da religiosidade, mas, igualmente, de sociabilidade, lazer e encontros amorosos. Sobre homossexualidade no candom-blé, ver Birman, 1995 e 1997, e Fry, 1982.
22 Sobre envelhecimento e homossexualidade, ver Julio Simões, 2004.
23 Zaluar, 2004, p. 20.
24 Ferreira, 2005.
25 Adriana Piscitelli, 2004.
26 Blanchette e Silva, 2004.
27 Piscitelli, 2001, p. 4.
28 Piscitelli, 2004.
29 Cf. Perlongher, 1987.
30 Sobre o tema, cf. Verena Stolcke, 1991.
31 Perlongher, 1993.
32 Bataille, 1998.
33 Entre outros, cf. Hasenbalg, Silva e Márcia Lima, 1999.
34 Cf. Moutinho, 2004.
35 SIMÕES, 2004.

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